sábado, 21 de fevereiro de 2009

Brasil na rota do Cinema Mundial





Cena de "Carga Explosiva 3"- Foto Divulgação



O início de 2009 foi promissor para o cinema nacional. Além da liderança de Se Eu Fosse Você 2, por cinco semanas consecutivas, definitivamente o país começa a se tornar mais um destino na rota dos astros e estrelas de Hollywood.Em janeiro, Sylvester Stallone anunciou que o Brasil será uma das locaçãoes de seu próximo filme, The Expendables. No elenco, além do próprio Stallone, nomes de peso nas bilheterias, como Jason Stathan (Carga Explosiva 3), Jet Li (A Múmia - Tumba do Imperador Dragão), Forest Whitaker (O Último Rei da Escócia) e Mickey Rourke (O Lutador).Ja a primeira semana de fevereiro trouxe algumas personalidades para nossa terra. Primeiro foi Tom Cruise, ao lado de sua esposa Katie Holmes, que causou fervor nas ruas do Rio de Janeiro e atraiu dezenas de personalidades e curiosos para a pré-estréia de Operação Valquíria (que chega aos cinemas no dia 13 de fevereiro). Vanessa Hudgens e Zach Efron, as estrelas da série High School Musical, também aportaram por aqui, na ilha de Caras, para descansar e, é claro, fazer algumas fotos que em breve devem estampar a capa da revista.Ainda sem confirmação, um tablóide inglês publicou que Brad Pit e Angelina Jolie poderiam estar de malas prontas para vir morar no Brasil. O Motivo: Brad Pitt irá filma “The Lost City of Z” no país, história real de um soldado britânico que desapareceu no Mato Grosso na década de 20.Pois bem, e o que ganhamos com isso?Não é de hoje que o nosso cinema evoluiu. Há muito conseguimos nos equiparar nas partes técnicas de fotografia, som e edição, que num passado contribuíram para que o público se afastasse do nosso cinema. Estamos evoluindo no quesito roteiro. Aos poucos começam a surgir outras histórias interessantes, que não utilizam o tripé sexo-pobreza-violência, tão contestado e motivo de vergonha de nossa exposição no exterior.Sem dúvida, produções nossas como Central do Brasil, Cidade de Deus e Casa de Areia, contribuíram muito para que o cinema mundial, enxergasse no cinema brasileiro boas possibilidades. Diretores brasileiros levaram a nossa bandeira para o exterior, nos colocando em nível de igualdade com outros países em desenvolvimento.Mas o que falta para termos uma indústria de cinema?Talvez esse seja o nosso maior problema, a produção. Sim, Se Eu Fosse Você 2 já foi visto por 4 milhões de pessoas. Mas qual outro filme nacional tem potencial pra repetir a dose ainda em 2009? Arrisco-me a dizer que nenhum. Assim foi em 2008, quando Meu Nome Não é Johnny, lançado em janeiro, levou 2 milhões aos cinemas e liderou com folga até o final do ano. Não temos uma indústria de cinema. Temos filmes esporádicos, que levam milhões aos cinemas, e depois deixam uma lacuna de 10, 11 meses sem que outras grandes produções venham.Os financiamentos são restritos. Hoje, se não fossem as leis de incentivo, praticamente não existiria cinema no Brasil. O que é mais do que um alerta de que as coisas estão erradas. Afinal não é o papel do governo ser o único (ou responsável por quase 90% dos financiamentos) a bancar a cultura por aqui (digo 90% pois a ajuda da iniciativa privada, em troca de abatimento de impostos, não deixa de ser um investimento do governo).Além disso existe a possibilidade de grande de se filmar no Brasil, gerando emprego para técnicos, atores, movimentando a rede hoteleira e o turismo, gerando emprego e um avanço na qualificação dos nossos profissionais. Ou seja, era hora de se aproveitar, e muito, a onda que está se formando.




Por Wikerson Landim - jornalista e especialista em Comunicação Audiovisual -




Publicado originalmente em www.portaldecinema.com.br